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“O progresso às vezes não é viável para todos”
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Publicado em 27/08/2022

“O progresso às vezes não é viável para todos”

(Uma rodovia em nossa porta)

O texto é sobre a estrada que liga Vargem Alegre a Caratinga

 

A dor e a tristeza passa

Mas, na memória fica

Guardado na lembrança

Tudo que tivemos na vida

 

Isto quem dizia era meu pai

Quando estava muito triste

Ao lembrar da vida na roça

De tudo que não mais existe

 

Todos os anos plantava

De tudo pra colher

Alimentos pra família

Era feito com prazer

 

Então veio o progresso

Trazendo logo a desgraça

Pra acabar com a alegria

Daquela gente cheia de graça

 

Uma rodovia chegou

Pra fazer a gentileza

Trazendo na bagagem

Toda aquela beleza

 

Passava máquina em tudo

Até onde não precisava

Ia arrancando tudo

O que aquela gente plantava

 

Sonhos! – Foram- se desfazendo

Plantações! Nenhuma  salva

Tudo foi devastado

Por esta gente sem  resalva

 

Lembro-me  muito bem

Da terra meu pai retirava

Uma plantação de arroz

O sustento  e alimentava

 

Desta nada sobrou

Muitas sacas eram colhidas

Arroz, hortaliças!

Tudo isto, era uma vida

 

O prejuízo foi grande

Ninguém se responsabilizou

Destes sonhos desfeitos

Jamais alguém comentou

 

Indenização, pra começar

Nunca se ouviu dizer

Aquele povo sofrido

Ficou mesmo sem receber

 

De madrugada acordava

Com um barulho imenso

Máquinas destruindo tudo

Um sofrimento intenso

 

O progresso em fim chegou

Trazendo muita confusão

Pra aquele povo carinhoso

Em meio a devassidão

 

A família entristecida

Com tudo que ali se via

Tratou logo se mudar

Seguiu a rodovia

 

Mas, na memória ficou

Todo aquele sentimento

Ver tudo destruído

E, ser levado ao vento

 

Em memória a um passado que não me sai da lembrança

 

Sissapoetisa

De  Aucione Rodrigues da Silva - 1972

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