Há algum tempo atrás li uma matéria publicada pelo Sr. Dr. João Sayad, que falava dos fatos que ocorrem por ocasião da proximidade com as eleições.
Não se trata de uma sátira, mas de um fato que se aplica bem aos candidatos de nossa região.
Gostei do texto lido, e fiz algumas reflexões que passo a transcrever.
É mais ou menos assim.
Quando vc chegar em sua casa, abra as portas com espelhos de seu armário ou guarda roupas, de forma tal que a imagem refletida no espelho de uma porta se reflita no espelho de outra. Voce estará refletido em um espelho infinito – o espelho de uma parte se reflete na outra e assim infinitamente.
As imagens de um espelho formam um corredor levemente encurvado. Pequenas diferenças no ângulo de abertura das portas mudam o sentido da curvatura – o corredor que se curvava para a esquerda, entorta-se, agora para a direita.
Em seguida, sentado na cama, vc poderá refletir sobre a discussão eleitoral em nossa região e em muitas outras.
A televisão, o rádio e os jornais difundem as idéias da opinião publica, como se fossem um espelho de uma das portas do armário.
Reclamam de todos os governos, da corrupção, da falta de soluções e tem soluções para tudo. Pena de morte para os bandidos, demissão para os funcionários públicos, controle de preço das empresas privadas que tem lucros, austeridade para o governo e outros apenas mostram uma frase como se fosse a solução primária para todos os males, tipo, Saúde, Educação e Segurança. Outros dizem que se empenharão em resolver os problemas do desemprego e vai por ai.
A opinião pública, o espelho da outra porta, aprende e reflete o que a mídia difunde – pena de morte para os bandidos, preços baixos, resolução dos problemas da cidade, austeridade para o governo, combate a corrupção e assim por diante.
Sociedades de massa são espelhos infinitos.
O jornal escreve o que público quer ler, e o público quer ler o que os jornais escrevem.
Em tempos de eleição, candidatos falam e pensam guiados pelas pesquisas de opinião pública. E pesquisas de opinião pública perguntam ao público o que o público quer que os candidatos digam.
Até pouco dias antes da eleição Bolsonaro aparecia em 4º lugar nas pesquisas.
A opinião pública tende a ser totalitária. Proíbe alguns temas, santificam outros. Todos os candidatos são a favor da poupança e da estabilidade. Todos abominam o gasto público, o funcionário público, o déficit público. Todos os candidatos a cargos públicos abominam a coisa pública.
De quem é a opinião pública? Como nos espelhos do armário é impossível dizer onde está a imagem original, onde está a realidade que se reflete na opinião e a opinião que reflete a realidade.
Quem muda a opinião pública? Espelhos infinitos refletem alguma coisa real que existe entre os espelhos. Mas o reflexo é instável – pequeno desvio de um espelho torce o corredor para a direita ou para a esquerda.
Os resultados são perigosos e cruéis. A opinião pública pode ser racista hoje, nacionalista amanha, depois revolucionária ou facista. Quem teria coragem de defender o déficit público hoje, só lembrando que 200 AC, Cicero um pensador romano escreveu: “ É PRECISO CONTROLAR OS GASTOS PÚBLICOS”., portanto, excesso de gastos públicos não é novidade na história da humanidade. Que defenderia os judeus em 1923 ou os homossexuais há pouco tempo.
Sem nenhum pastor, somos um rebanho. As vezes corremos para um lado fugindo da onça que saiu do mato. As vezes corremos sem saber porque.
João M. Garcia