Temos uma vida que se gasta paulatinamente em conformidade com os ciclos da natureza, que tomamos como parâmetro para contabilizá-la, entretanto, sem que tenhamos nenhum controle sobre este tempo. Os ciclos solares e lunares não param e nem tão pouco mudam seus ritmos conforme nossas vontades e desejos.
Nesta ciranda da natureza somos responsáveis, na grande maioria das vezes, pela textura que frisamos em nossas vidas e pela forma com a qual a gastamos. Surpresas aparecem, momentos inusitados também são uma constante, todavia as marcas que deixam em nossas vidas, passam pelo crivo da intensidade que as absorvemos. E assim vamos construindo nossa existência.
Mais um fim de ano se aproxima e além das comemorações próprias do período, geralmente, nos permitimos revisar como foi nosso ano, rever pontos marcantes e elaborar, mesmo que mentalmente, uma retrospectiva de tudo que foi feito ou que deixou de acontecer, sendo por desleixe, vontade ou oportunidade.
O fato é que nossas vidas são feitas por ciclos que se medem na medida do tempo ou no tempo em que duram as nossas mais diversas experiências, sendo pessoais, profissionais, afetivas... Por isso insistimos em fazer do final de cada ano um momento de parada, de reflexão, de introspecção sobre a própria vida.
Nessa parada percebemos que infelizmente alguns ciclos se findaram: podendo ser no trabalho, no relacionamento, na mudança de cidade, amigos que se foram, pessoas queridas que morreram e tantas outras situações.
Mas esta mesma parada permite também que almejemos e nos permitamos iniciar novos ciclos, portanto, construir novas carreiras, conquistar novos amigos, conhecer novos lugares, sonhar novos sonhos, pois devemos acreditar que a vida é feita de ciclos e a cada ciclo perceber o quão importante ele é para o desenvolvimento de si mesmo.
Pois a graça da arte de viver é justamente esta constante possibilidade que a vida nos oferece, baseando-se na nossa própria existência, de ter a coragem de fechar ou iniciar novos ciclos. Sabemos que alguns tornam-se mais sofridos, que outros são necessários e que tantos outros são indispensáveis.
E que bom que é assim. Que bom poder colocar ponto final em certas situações da vida, poder reiniciar um novo capítulo no livro da própria história, como na mesma proporção, que bom poder perpetuar e fazer de certos ciclos situações duradouras que se demonstram infindáveis.
Com o texto encerro mais um ciclo de vida, agora é hora de parar para recarregar as energias, propiciar a oxigenação das ideias e comemorar as festas de fim de ano e no vindouro ano espero poder reiniciar um novo ciclo de artigo.
Desejo a todos os meus leitores boas festas de fim de ano! Que 2020 seja repleto de saúde e luz. Que não nos falte coragem para viver e construir os ciclos que a vida nos presenteia.
Walber Gonaçlves de Souza é professor e escritor. Membro das Academias de Letras de Caratinga, Teófilo Otoni e Maçônica do Leste de Minas.