Ao levantar naquela manhã, aquele dia parecia que iria ser mais um dia normal, comum, mais um dia que faria parte da simples rotina pela qual somos imersos. Mas aquele dia foi diferente, tão diferente que mudou a minha rotina para sempre. Ao chegar para almoçar, depois da manhã de aulas, fui surpreendido pela notícia que seria papai. A emoção ficou à flor da pele e as palavras não conseguiam expressar tudo aquilo que eu estava sentindo naquele mágico e sacramental momento.
Aquela notícia mudou tudo, tínhamos poucos meses para reorganizarmos a nossa vida, para prepararmos o ambiente para recebermos o nosso maior tesouro. Começamos a pensar em tudo aquilo que faz parte da vida de um neném, desde a mais simples fita, ao bercinho e demais penduricalhos.
Logo a notícia se espalhou, felicitações, saudações, pitacos, conselhos... começaram a surgir de todos os cantos, vindo de pessoas próximas que fazem parte do nosso convívio bem como de pessoas que nunca tínhamos vistos na vida, mas que por terem vivido tal experiência permitiam-se partilhar suas histórias.
Passados os dias da descoberta da notícia, que estávamos grávidos, era a hora também de pensar no pré-natal, de escolher como seria feito o acompanhamento da gestação. Por uma série de motivos tivemos a felicidade de escolher o Dr. Alan, um médico super parceiro que nos acompanhou durante todo o pré-natal. Em uma das primeiras consultas ele pediu um ultrassom, procedimento normal pela circunstância, mas que para nós não. Explicarei!
Na hora e no dia agendado chegamos na clínica do Dr. Paulo Mota, realizamos os procedimentos de praxe e ficamos aguardando a nossa vez, até que fomos chamados e adentramos no consultório. Lá estava o doutor e rapidamente começou o procedimento. Poucos minutos depois veio o primeiro comentário do médico, “as crianças estão bem, dentro da normalidade, os dois corações estão bem perfeitamente”. Na hora, não entendi direito e perguntei assustado: dois? Isto mesmo, ele respondeu. A partir daquele momento não falei mais nada, as únicas palavras que saíram da minha boca foram para agradecê-lo no final da consulta.
Aquele ultrassom, não simplesmente confirmou que eu seria pai, mas que eu seria papai de gêmeas. E confesso que conter a emoção ao descobrir aquela notícia é simplesmente indescritível. Bota adrenalina nisto! Fiquei meio que bobado por uns bons dias!
Comemoramos o Dia dos Pais. E ser pai é uma arte espetacular. Tenho o prazer de conhecer muitos pais que exercem com muito entusiasmo esta árdua missão, mesmo envolto pelas dificuldades que fazem parte da arte da sobrevivência.
Infelizmente conheço também muitos homens que não se permitiram ainda conhecer a arte de ser pai, foram simplesmente seres reprodutores. Mas não pretendo falar destes, pois estes talvez não sejam dignos de serem chamados de país. Já diria aquela famosa propaganda, “não adianta ser pai, o importante é participar”.
Todas as épocas possuíram os seus desafios, as suas pelejas, o nosso momento neste início de terceiro milênio, traz também os seus desafios e nos chama a ser pai hoje e agora. Ser nostálgico com o passado pouco o quase nada resolverá a nossa missão.
E como ser pai atualmente? Uma pergunta difícil de ser respondida, mas tentarei deixar a minha contribuição para as nossas reflexões. Como pais, não podemos pensar mais somente na despensa, no que nossos filhos irão comer e beber. A sobrevivência sem sombras de dúvidas é e será eternamente uma preocupação, mas não deve ser a única. Devemos e precisamos ser presentes, atuantes, amantes dos nossos filhos e filhas.
Vejo muita gente dizendo que os pais devem ser amigos dos seus filhos. Espero não ser mal interpretado, mas tenho minhas ressalvas enquanto a este pensamento. Acredito que devemos ser pai, e não amigo, como pais nossa missão é sublime demais, ela nunca pode ser comparada a de um amigo, somos e devemos ser muito mais para os nossos filhos. Nossos filhos querem que sejamos pais deles, que os eduquemos, que os amemos, que os abraçamos, que os consolamos, que sejamos capazes de traçar limites, de dizer sim, mas também de dizer não. Ele quer que sejamos uma referência, um porto seguro, uma mão invisível que está sendo ao seu lado. Mas ao mesmo tempo, uma mão que é capaz de se soltar para permitir o voo.
Ser pai é ter a coragem de plantar a semente e ajudar a cuidar da plantinha, que chamamos de filho. Cuidemos bem pois só assim colheremos os frutos que tanto sonhamos e desejamos para os nossos filhos. Que missão sublime e maravilhosa é ser pai!
Walber Gonçalves de Souza é escritor e professor.