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Quem quer ser professor?
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Publicado em 06/06/2019

 

                Este ano estou completando 20 anos de magistério, já vi muitas coisas acontecerem em sala de aula e na escola. Muitas experiências vivenciadas com alunos de todas as idades. Acompanhei sonhos de alunos brotarem (escolha da profissão) e se realizarem (formatura). Já estou sendo atendido por ex-alunos em vários setores e poder presenciar o sucesso de um ex-aluno é gratificante.

                Todavia, em todos estes anos não contabilizo dez alunos que demonstraram interesse pelo magistério. Acontece justamente o contrário, quando pergunto em sala quem quer ser professor, a resposta geralmente é categórica: não.

                Ser professor não fascina, não enche os olhos da garotada. Uma profissão tão nobre, que deveria ser respeitada e valorizada, simplesmente é vista como algo sem valor no sentido mais pleno da expressão. Mas sabemos que há inúmeros motivos para que isto aconteça, pois numa sociedade que não valoriza a educação o responsável por ela indiretamente é desvalorizado.

                E o que vemos acontecer é um cenário preocupante, já faltam professores de algumas matérias; muitas escolas, por diversos motivos, não conseguem completar seu quadro funcional. Hoje em dia boa parte dos professores não queriam ser professores, escolheram outras profissões e geralmente por motivos de ordem financeira acabaram caindo de paraquedas nas escolas, portanto, será que conseguem ser de fato professores?

                Nas faculdades os cursos de licenciatura, que formam professores, praticamente estão fechando, ou funcionando com turmas minguadas; e sabemos que os alunos de um modo geral não são aqueles que se dedicam aos estudos como deveriam. Um paradoxo esquisito, mas real.

                Alguém pode estar se perguntando, e os cursos EAD (Educação à Distância) não estão formando professores? Acredito que sim e muitos, mas não o suficiente. Mas sinceramente, tenho minhas ressalvas a este tipo de formação, mesmo sendo o modelo da moda e que talvez tenha vindo para ficar. A balança do tempo apontará as consequências.

                No entanto o que é fato e necessário é pensar em uma política pública que incentive os jovens para a carreira do magistério. Os estudantes precisam acreditar na educação, no “ser professor”, precisam se ver professores; mas isto só vai concretizar quando a profissão se tornar fascinante. Digo isto não só no sentido financeiro, pois acredito que não vai acontecer, mas numa percepção de valorização, de orgulho. Ser professor tornou-se, pelo que se percebe nos comentários dos alunos, uma profissão de medíocres, de pessoas que não conseguiriam, por competência, fazer outra coisa. E isto precisa mudar urgentemente.

                Ser professor precisa estar ancorado ao sucesso do país e pelo visto o que estamos presenciando é o seu lento processo de extinção. Sempre teremos gente para entrar em uma sala de aula, mas poucos de fato Professores.  

 

Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.

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