Há um ditado popular que diz que “quem não deve não teme”. Partindo desta premissa podemos afirmar que a classe política do nosso país parece dever, dever muito, pois agem como se temessem.
É incrível a capacidade dos nossos representantes políticos (salvo raras exceções) de avacalharem tudo, de conseguirem destruir o país e a esperança do povo brasileiro por dias melhores. Chega a ser inacreditável ver como os políticos conduzem os seus mandatos no Brasil.
Pelo que se percebe, se tem uma coisa que eles não pensam é no país. Agem apenas na defesa dos seus próprios interesses, sendo na maioria dos casos corporativistas. Criam leis para se defender, para se beneficiar, independentemente se trará ou não consequências negativas para a nação.
Sempre que aparece um projeto ou proposta que tende a combater a corrupção, o mal feito e a má gestão das coisas públicas rapidamente ele começa a ser modificado, de tal forma que se torna inofensivo e seus verdadeiros propósitos se perdem. Portanto, tudo continua como se nada tivesse acontecido.
O que os nossos políticos nos transmitem com todas estas manobras é que eles são sujos, muito sujos, pois como já foi dito só teme quem deve. Só teme quem é corrupto; só teme que avacalha com as coisas públicas; só teme quem faz do seu mandato um escritório para as piores práticas delinquentes de colarinho branco; só teme quem não está nem um pouco interessado no país. E por temerem criam formas legais para se protegerem; modificam as estruturas aos seus interesses; impossibilitam serem descobertos, criando cada vez mais empecilhos para que os fatos sejam de fato entendidos e elucidados.
Já não bastasse tudo isso, quando por algum vacilo são desmascarados, apelam para a vergonhosa imunidade parlamentar ou os infindáveis recursos jurídicos que somente os políticos tem tanto dinheiro para pagar. Realmente vivemos no país onde o crime político compensa, há pouquíssimas exceções para podermos afirmar o contrário.
Para engrossar o caldo da sujeira imagine se percorrêssemos todas as câmaras municipais, quanta lambança encontraríamos? Quantas CPI’s foram criadas e não deram em nada? Se vivêssemos em um país minimamente sério, quantos políticos deveriam estar atrás das grades? Tenho certeza que seriam muitos.
Ser transparente, algo que deveria ser comum no cotidiano da vida pública parece ser o terror dos políticos. Para eles quanto menos transparente for, melhor. E só há um jeito disso acontecer: legalizando ou relativizando tudo aquilo que é errado; legalizando a forma fraudulenta de lidar com as coisas públicas; enfim, criando mecanismos para não serem identificados e muito menos punidos.
Tudo que impede a transparência com certeza sinaliza que há algum problema, não tem como ser ou pensar diferente. Assim nossos políticos continuam indo na contramão da construção de uma nação sólida e digna para todos.
Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.