Triste momento que vivemos!!! Eu me pergunto, qual será o limite da bestialidade humana? Ou não terá limites? Será que nos transformaremos em monstros predadores exterminando-nos uns aos outros simplesmente para satisfazer um desejo mórbido de matar? Em nome de que convicções um ser humano executa seu semelhante?
A sociedade tenta justificar estes atos como catarse de algum sofrimento moral ou físico que o agressor tenha sofrido em algum momento de sua vida e nos faz entender, nas entrelinhas, que isso serve de gatilho para desencadear tal agressividade.
Está se tornando corrente justificar esse tipo de violência pelo bullying, um problema que sempre ocorreu nas escolas. O bullying é um dos tantos problemas que teremos que enfrentar na vida ou na escola. Quando somos emocionalmente estruturados saberemos lidar com problemas e para que isso aconteça devemos contar com uma estrutura familiar equilibrada e sólida que nos dará o afeto e o apoio necessários para amadurecermos e sermos autoconfiantes.
Por outro lado, em famílias ditas “normais”, às vezes os pais são ausentes, pois pensam que o suprimento material e físico são suficientes para formarem os filhos, se omitindo em dar amor, ensinar afeto e respeito, participar da vida deles em todos os aspectos para que se tornem autoconfiantes, com uma autoestima elevada; impor limites para que aprendam a respeitar o outro e ter ciência de seus direitos e também de seus deveres.
Mas infelizmente, o que mais existe em nossa sociedade, que diga-se de passagem, é uma sociedade doente, são famílias totalmente desestruturadas, onde pais por não assumirem suas responsabilidades abandonam os filhos à sua própria sorte e eles crescem sem nenhum referencial afetivo, sem apoio, sem estrutura para tocar a própria vida.
Soma-se a isso a banalização da vida pela banalização da violência. Vamos nos acostumando a ela por ser tão frequente no nosso cotidiano. Assistimos na mídia todos os dias o relato de atos violentos e não paramos mais para refletir sobre uma notícia ou outra; e quando paramos, o fazemos apenas no momento em que ela acontece e depois seguimos nossa rotina e continuamos assimilando mais e mais violência como se já fosse parte de nossas vidas. Todos os dias assistimos pessoas morrendo, ora num alagamento, outras soterradas sob a lama, mulheres assassinadas, o tráfico de drogas aliciando menores, pedófilos atacando nas redes sociais... e ainda continuamos nossa rotina sem questionamentos, sem discussões, sem responsabilizar os culpados, sem buscar soluções.
Vivemos tensos e amedrontados sem pensar que não estamos preparados para suportar emocionalmente tanta violência ou racionalizá-la a tal ponto de não sermos tocados por ela.
Não se cura a violência com medidas paliativas, e nem tão pouco existe meio termo para ela. Precisamos reagir senão viveremos eternamente entre lágrimas.
Walber Gonçalves de Souza e Marta Miranda são professores.