No próximo domingo, 7 de outubro, estaremos escolhendo os governantes que conduzirão os rumos do nosso país por mais quatro anos. Escolher um nome para cada cargo (Deputados, Senadores, Governador e Presidente) entre tantos e votar, tornou-se uma missão difícil e de extrema responsabilidade.
Mas ousarei a comparar esta eleição à história da “Escolha de Sofia”. O mito, que foi adaptado para as telas do cinema trata do drama de uma mãe, que ao ser presa juntamente com os seus dois filhos, pelos nazistas, durante a Segunda Guerra é forçada a escolher um deles para ser morto. E se ela se recusasse a escolher, os dois seriam mortos.
Portanto, mesmo escolhendo um ela levaria para o resto da sua vida o peso do remorso. Assim, parece que nos encontramos nesta encruzilhada chamada eleição. Tendo que escolher como Sofia. Mesmo sabendo que desta escolha provavelmente quase nada mudará, pois qualquer que seja o caminho ele se mostra ruim e nefasto.
Toda eleição é uma utopia de mudança, de renovação. Sendo esta última a palavra da moda, do momento. Mas, pela forma como as eleições estão se caminhando, muito pouco ou quase nada realmente será inédito.
Nossa eleição parece um rodízio. Quem já foi se diz o novo e quer voltar; quem está se diz renovado e quer ficar. E no final praticamente, na dança das cadeiras, dos cargos, a mesmice de sempre. Dizemos que não aguentamos mais, que queremos mudanças, mas fazemos sempre as mesmas coisas. Queremos um resultado diferente agindo da mesma forma.
Nossa “escolha de Sofia” só servirá para gerar angústia, tristeza e insatisfação. Nossa nação não precisa só de nomes diferentes, este nosso modelo de república faliu, acabou, dele não sairá mais nada que preste. Precisamos nos reinventar enquanto povo, enquanto organização estatal, precisamos urgentemente mudar nosso modelo institucional. A máquina pública tornou-se maior que o seu propósito. Dela não se faz mais o bem, não se procura a justiça, simplesmente tornou-se o meio para as mais diversas formas de usurpação daquilo que deveria ser de todos.
Impérios caíram; reinados desapareceram; países se reinventaram. Chegou a nossa hora de fazer a mesma coisa. Enquanto este dia não chegar, agiremos como Sofia, sendo obrigados a escolher de forma covarde nossa própria masmorra.
Tomara que eu queime a língua, como torço para que isto aconteça, mas está difícil de acreditar que isto vai ocorrer. Da nossa guerra eleitoral não sairá vencedores, continuaremos todos nós vivendo a amargura de ser brasileiro. Um país rico que consegue manter o povo à míngua e “achando-se feliz” por viver de esmolas e favores.
Todavia, a hora está chegando, a urna chamada Sofia está a nossa espera. Vamos lá teclar nossas escolhas e como não poderia deixar de ser, iludidamente torcer por dias melhores.
Walber Gonçalves de Souza, é professor, escritor e membro das Adademias de Letras de Cartinga, Tófilo Otoni e Maçônica de Letras do Leste de Minas