As bandeiras, os “santinhos”, os panfletos, os discursos, os programas de rádio e televisão, os debates... estão de volta e compondo o conjunto do aparato da propaganda eleitoral na guerra midiática pela busca e conquista do voto.
Nas entrelinhas de todos eles emergem as ilusões de um Brasil que tem tudo para dar certo. As receitas parecem simples, os discursos metricamente planejados. Mas no fundo o que percebemos é o retorno das promessas, das falácias, das mentiras com ares de verdade, de tudo aquilo que serve apenas para criar um cenário fictício recheado de realidade.
O povo brasileiro está tão calejado, cansado, moribundo... mas são justamente suas fragilidades que o torna uma presa fácil, suscetível ao discurso populista barato, covarde e ludibrioso. Propagam promessas para agradarem os ouvidos, mas nunca para resolverem os problemas.
Querem vender uma imagem, a doce ilusão de que conseguirão manter a pocilga limpa mantendo nela os mesmos porcos, a mesma estrutura, os mesmos mecanismos, a mesma forma de fazer política, a despeito de difundirem um discurso do novo. De forma patética tentam nos enfiar goela abaixo e com ares de modernidade e inovação, que a salvação depende apenas do nosso voto. Portanto, basta apenas saber escolher! Como se fosse uma tarefa fácil ao analisar a pocilga e reconhecer o melhor porco.
As eleições não deveriam ser um jogo de quem engana melhor, mas ao contrário, deveria ser um processo de cartas abertas, de propostas reais, possíveis. E como eleitores, queremos que seja assim? Será que queremos de fato um país melhor? Imaginemos uma situação: que respaldo teria um candidato que ousasse falar e propor, não o que o povo quer ouvir, mas sim o que é preciso ser feito para construirmos uma nação melhor. Sinceramente, tenho minhas dúvidas se este candidato seria minimamente ouvido e aceito.
Infelizmente parece que queremos ser enganados. Pois toda eleição é a mesma coisa, geralmente vence quem engana melhor, quem consegue vender a ilusão mais doce aos nossos ouvidos. E teria como ser diferente? Se a resposta for não, significa automaticamente, que o Brasil faliu, que não tem jeito. Se a resposta for sim, que tenhamos o prazer de queimar a língua.
A única certeza que temos é que do jeito que está não dá mais. Mudanças de paradigmas, de postura, do formato organizacional do Estado se fazem mais que urgentes. Chega de tentar consertar o que não se conserta, de tentar mudar o que não se muda. Precisamos ter coragem de começar de novo, de pensar um Estado eficiente, equilibrado, meritocrático e sem populismo. E o mais importante, que nós, o povo, tenhamos a coragem de reconhecer que apenas através das nossas atitudes poderemos de fato construir o país que queremos. A atitude deve prevalecer sob a ilusão.
*Walber Gonçalves de Souza é professor, escritror e membeo das Academias de Caratinga, Teófilo Otoni e Maçônica do Leste de Minas