Acredito que um povo sem memória é uma árvore sem raiz, que se torna frágil e sensível às mais vastas intempéries; já um povo que é capaz de contar o seu passado jamais se tornará escravo de si mesmo. A cultura tem este papel, ser o estimulador natural do aprofundamento das raízes e por consequência o desenvolvimento social que tanto sonhamos e queremos. Acreditemos, a cultura tem um poder transformador.
Existem objetos, situações, vivências e tantas outras coisas que se tornam simplesmente impossível mensurar um preço que os pague. Existem emoções que são indescritíveis, não cabem em nenhuma palavra, só literalmente vivendo para conseguir sentir e perceber a dimensão daquela experiência.
A cidade de Caratinga completou 170 anos, quantas páginas seriam necessárias para registrar a história que a cada dia se acumula, confesso que não faço nem ideia, não consigo mensurar. Principalmente se nelas estiverem grafadas as memórias, os contos, os causos, a história de quem faz a História; a história por detrás da história.
Penso que o evento cultural ocorrido no último dia 22 de junho no Instituo Hélio Amaral se encaixa perfeitamente neste contexto, pois se tornou fragmento de uma história, mesmo sendo um pedaço de um dia, mais precisamente, uma noite memorável.
Dezenas de pessoas acreditaram num projeto literário, em que suas memórias ficariam registradas e entrariam para a História; tantas outras foram se empolgando e a cada momento uma nova surpresa, um novo parceiro ia se envolvendo e fazendo daquela simples ideia um grande projeto.
Para que o entusiasmo se tornasse ainda maior, centenas de pessoas deixaram seus lares naquela noite fria, para prestigiar aquela que seria uma noite memorável, porque não, inesquecível.
Olha quanta coisa bacana aconteceu em uma noite só: lançamento de livros, sendo que um deles em homenagem ao aniversário de 170 anos de Caratinga, 42 autores deixaram registrado para a posteridade um fragmento de suas próprias existências tendo como palco principal a cidade de Caratinga; A 1ª Feira Literária de Caratinga, em que reuniu vários escritores de Caratinga e região, expondo seus trabalhos literários, entre eles: José Geraldo Batista, Noé Neto, Paulinho Paul, Maxwell Bastos, Ziza Saygli, Bodan, Edra, Ronaldo Batista, Paulo Sérgio de Sá, Monir Ali Saygli, Águida Pereira, Sandra Ramalho, Nena de Castro, Lígia Maria, Ivanir Faria, Hélio Amaral e Marilene Godinho. Para animar e aquecer o frio um momento cultural com o Padre Gleidson Forte e Daywison Dhalma, na oportunidade o padre divulgou seu recente trabalho, o CD “Só sei que eu te amo Jesus”; Estiveram presentes os colaboradores da Cantina Áurea, do Grupo Espírita Dias da Cruz, desempenhando com uma grande vibração seu trabalho social. Enfim, tudo isto junto e misturado, regado pelo mecenato do amigo e empresário Sylvio Araújo, ocorreu no Instituto Hélio Amaral, que também ficou de portas abertas para a visitação de todos os presentes.
Uma noite memorável, uma noite iluminada pela cultura, pelo livro, pela arte, pelo trabalho social, pela amizade, pelo encontro de amigos e familiares... uma noite memorável em que a vida, a existência de cada um de nós, foi a grande protagonista.
*Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga (ACL), Teófilo Otoni (ALTO) e Maçônica do Leste de Minas (AMLM).