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Os professores estão sangrando - *Walber Gonçalves de Souza
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Publicado em 18/06/2018

O que esperar de uma nação que não valoriza a educação? Quais perspectivas de futuro podemos esperar tendo por base a qualidade da educação que temos? Como ter esperança em um país que simplesmente renega os profissionais que deveriam cuidar da educação?

                São tantos os questionamentos que poderíamos escrever um texto só com perguntas. Mas a ideia não é esta e sim propor uma reflexão sobre como os nossos governantes estão tratando os profissionais que lidam com a educação e por consequência o que podemos esperar dos dias vindouros.

                Ser professor no Brasil não é uma tarefa fácil, temos um salário baixo, indigno para a profissão; não temos auxílio de nenhuma espécie; em muitos lugares os professores são proibidos de comerem da merenda escolar; os professores que trabalham em distritos ou zona rural ao deslocarem para o ambiente de trabalho não recebem nenhum auxilio, portanto, pagam para trabalhar; as escolas, na maioria das vezes, não oferecem o básico de condições didático-pedagógicas para o verdadeiro exercício do magistério, mas criam intermináveis formulários para serem preenchidos, como forma de alimentar a burocracia inútil do Estado; as cobranças são cada vez maiores e em muitos casos chegam ao absurdo da imoralidade, um verdadeiro assédio moral. Sem falar no abandono do Estado e da própria sociedade, que prefere alimentar-se da ignorância.

                Em meio a este caos desesperador vive o professor. Confesso que não comungo e nem almejo regalias, apenas o que é justo. E nada mais justo que pelo menos recebamos em dia, que tenhamos condições de trabalho e que no mínimo as pessoas acreditem que a educação é capaz de mudar as suas próprias vidas. Mas que utopia?!

                Tenho uma sugestão para fazer aos nossos governantes: fechem as escolas, acabem com os cursos superiores de formação de professores, demita-os, não possibilitem mais a existência de qualquer prática educativa, permitam que a sociedade viva de acordo com suas vontades e desejos: sem escola, sem professor, sem educação. Assim, o Estado, poderá economizar e ter dinheiro para gastar nas suas consideradas verdadeiras prioridades e a sociedade aprenderá e sentirá na pele o que significa viver em um país de analfabetos.

                Os professores estão sangrando, não aguentamos mais o abandono, o desleixo, as chacotas, as piadinhas, não suportamos mais sermos tratados como inúteis, como um fardo para o Estado e sociedade. Às vezes é necessário perder para valorizar, então percamos de fato a educação, fechemos as escolas.

Só não esqueçamos que quando o dente doer, as doenças chegarem, as dores ficarem fortes, as tecnologias se tornarem obsoletas, e tantas intermináveis situações aflorarem, não terá ninguém para simplesmente poder fazer nada, pois afinal a educação não vale nada!

 

*Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga (ACL), Teófilo Otoni (ALTO) e Maçônica do Leste de Minas (AMLM).

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