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Educação sem propósito - Walber Gonçalves de Souza
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Publicado em 12/03/2018

Educação sem propósito

                Já diria o ditado popular: “o pior cego é aquele que não quer enxergar”. É justamente isto que acontece com a educação do nosso país. Parece que há uma cegueira coletiva que nos impede de enxergar que a nossa educação está sem rumo, que ela perdeu o seu verdadeiro propósito. Vivemos, generalizando, um estado de apatia, de modismos, de um aparente desinteresse pelo ato de querer aprender.

                Juntando a este cenário e se já não bastassem os constantes resultados das avaliações internacionais que colocam a educação brasileira sempre entre as piores do mundo. Recentemente o Banco Mundial divulgou um relatório entristecedor, para não dizer vexatório. Segundo o Banco o Brasil demorará cerca de quase três séculos para chegar ao nível educacional dos países desenvolvidos. Isto porque lemos pouco ou quase nada e interpretamos mal ou na maioria dos casos nem conseguimos interpretar. Assim conclui-se que, de analfabetos históricos estamos nos transformando em uma massa de analfabetos funcionais.

                E como analfabetos funcionais continuaremos mergulhados em nossa secular miséria. Não só a miséria financeira, mas principalmente a miséria de valores que transforma o ser racional a um ser que beira a irracionalidade, com um agravante, um ignorante diplomado, que passa a se achar e acreditar ser o que não é, agravando ainda mais a situação.

                Mas sabemos que este quadro não vem de hoje, suas bases são históricas, todavia o angustiante é presenciar uma geração que prefere tapar o sol da com a peneira e não lutar por uma mudança drástica e paradigmática deste quadro. Como diria um importante pensador da educação brasileira, ainda preferimos fingir que estamos ensinando e os alunos fingirem que estão aprendendo.

                Pouco a pouco estamos nos acostumando com a ignorância e todas as suas dimensões e versões. Basta escutar uma música, observar os ídolos do momento, as relações interpessoais que beiram o estado de violência, os programas que fazem sucesso nas televisões, que chegaremos sempre nas mesmas conclusões.

                O Estado, que deveria ser um gestor minimante eficaz, continua inerte às suas responsabilidades, perpetuando a penúria intelectual alheia e por consequência a manutenção dos seus prazeres e ditames espúrios. Uma educação de fato ineficiente, é tudo que nossos governantes cultivam, pois assim eternizam o cabresto sobre cada um de nós.

                Uma pena uma nação tão rica, tão próspera, cheia de possibilidades, ser destruída pelos seus próprios cidadãos, que preferem acreditar no conto da carochinha, manter-se na própria ignorância e não acreditar que na educação encontra-se o único caminho que o levará para a reviravolta social que tanto queremos. 

                300 anos passarão, e tanto outros mais, e continuaremos iguais. Somente quando a educação encontrar o seu propósito e o povo brasileiro acreditar nela começaremos a mudar de verdade. Até lá vamos nos lamentando e sofrendo!

 

Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga (ACL), Teófilo Otoni (ALTO) e Maçônica do Leste de Minas (AMLM).

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