Oficialmente o ano já começou, mas como estamos no Brasil, popularmente há uma máxima que diz que o ano começa verdadeiramente depois do carnaval, o que irá acontecer daqui a alguns dias.
Todavia, parece que este entendimento popular foi levado à via de fato pelos nossos políticos em relação ao calendário escolar. Em muitas escolas as aulas começarão justamente no primeiro dia útil após a feriado carnavalesco. Os motivos do atraso do ano escolar com certeza são discutíveis, mas este fato mostra mais uma vez que a educação não é prioridade na forma com que as coisas públicas são geridas.
Mas não há outro caminho. Se queremos que o nosso país se torne o que sonhamos e almejamos a educação deveria ser a prioridade. Investir em educação de qualidade é a certeza de um futuro melhor, com justiça social e dignidade para as pessoas.
Quando me refiro à educação de qualidade, não o faço da mesma forma com que as propagandas governamentais o fazem, pois para os nossos governantes o simples fato de dar acesso aos bancos escolares e uma merenda razoável já é suficiente para propagar para todos os cantos a dita qualidade.
A educação de qualidade a que me refiro, além de possibilitar um desenvolvimento intelectual que permita que a pessoa galgue uma trajetória profissional minimamente digna, ela também permitirá e possibilitará que este mesmo indivíduo se torne uma pessoa melhor, culturalmente sensível à própria dignidade do ser.
Para que isso ocorra, mais do que reformas como as propostas esporadicamente, muito mais por questões politiqueiras, como modinhas, do que de fato para resolver os problemas, a educação brasileira precisa ser pensada novamente. Não é possível existir em pleno século XXI uma educação que não promova a cultura. Repito, cultura que faça com que o ser humano se torne melhor, que tenha a dignidade do ser como um norte.
A escola precisa ser um espaço para o desenvolvimento da ciência, mas também precisa ser um espaço para o esporte, para as artes plásticas, para as artes marciais, para a música, para o teatro e tantas outras expressões culturais. A escola deveria ser um espaço que consiga enxergar e colaborar para o desenvolvimento humano em sua totalidade. E se formos sinceros, a maioria delas não realiza nenhuma dessas possibilidades, a não ser se transformar no espaço da decoreba para a realização das avaliações. Até mesmo o desenvolvimento das ciências não passa de um engodo na maioria das escolas.
A redenção do nosso país, a redenção das pessoas, que parecem caminhar para um abismo selvagem, passará pela cultura. Precisamos, urgentemente criar um ambiente culturalmente melhor. Sem este papinho do politicamente correto, que só serviu para afundar ainda mais a nação e paralelamente incentivar o processo de atrofiamento das mentes das pessoas.
Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga (ACL), Teófilo Otoni (ALTO) e Maçônica do Leste de Minas (AMLM).