Por mais que digam que política é um assunto que não se discute, vira e mexe ela está presente nas conversas. Onde tem duas ou mais pessoas, lá está ela sendo inspiração para o bate papo.
Geralmente e como não poderia deixar de ser, sempre que o assunto é política, o clima fica esquentado, pois comumente as opiniões são divergentes. Mas clima esquentado não quer dizer confusão, mas sim vontade de manifestar, por isso, quando o grupo é maior sempre nos deparamos com dois ou três falando ao mesmo tempo. Parece que a vontade de expressar é maior que a paciência para escutar.
Por um lado, toda discussão é super salutar, pois fomenta a tese e antítese, provocando quem sabe uma síntese. Mas por outro lado, nem sempre isto acontece, pois na maioria das vezes as opiniões já estão tão enraizadas na cabeça dos debatedores, que os mesmos não abrem espaços para outras análises. Quando isto acontece a conversa acaba não rendendo os frutos da reflexão, mais sim, um stress com sintomas de raiva.
Entre as várias conversas que presencio e participo, um dia desses uma me chamou a atenção. Estavam reunidas cerca de dez pessoas naquele dia, mesmo com a língua coçando de vontade de falar, resolvi ficar calado, só ouvindo. O assunto eram os problemas nacionais provocados pelos nossos políticos e consequentemente as eleições do ano que vem.
Era perfeitamente possível identificar quem defendia e/ou criticava esse ou aquele nome. Cada um do seu jeito e com seus respectivos argumentos defendia ou atacava os seus nomes preferidos. Em meio à discussão que presenciei por cerca de 30 minutos, uma coisa me chamou a atenção: como estamos sem perspectivas, sem nomes que podem ser considerados estadistas de fato e no fundo sem esperança.
Por mais que estejamos vivendo um caos, provocados pelos atuais políticos, os nomes deles ainda aparecem como sendo a solução. É muito estranho, para não dizer outra coisa. Não conseguimos enxergar alternativas, ainda mais que, pelo visto, e de acordo com as nossas leis eleitorais elas não serão oferecidas. O enredo que ganha força nas conversas devido às movimentações partidárias, contém os mesmos personagens de sempre, transfigurados às vezes de um papel remodelado pelo poder do marketing.
Neste contexto nasce aquela velha pergunta: que política nova é esta que queremos, se não conseguimos visualizar novos atores? Podemos mudar tudo, mas se teremos os mesmos nomes (políticos), poderemos também ter certeza que permanecerão os mesmos vícios e forma de executar a política no Brasil.
Precisamos urgentemente curar a nossa miopia política, senão nossas conversas não serão nada além de palavras que se perdem no vento, incapazes de gerarem as mudanças que queremos. Mas a esperança continua!
Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga (ACL) e Teófilo Otoni (ALTO).