Ouvir rádio

Pausar rádio

Offline
Escravos do Estado - Walber Gonçalves de Souza
Novidades
Publicado em 13/11/2017

Recentemente uma Ministra de Estado, justamente da pasta que cuida dos Direitos Humanos e Igualdade, declarou, de forma análoga, que seus serviços prestados ao Estado brasileiro estavam condizentes com a forma de trabalho escravo. Sem mergulhar demasiadamente no mérito da questão deixarei aqui algumas reflexões sobre o fatídico episódio envolvendo a Excelentíssima Ministra.

                O teto oficial de um salário nas esferas públicas beira cerca de 33 mil reais, acredito que um salário que permita uma boa condição de vida. A referida Ministra já ganhava quase isto, cerca de 27 mil reais, por ser aposentada como desembargadora. Como pertencente à magistratura deveria ser conhecedora das leis, ainda mais destas leis básicas que todos sabem. Sendo assim, ela sabia que seu salário não poderia ser superior ao teto, ela tinha consciência que poderia acumular seus salários, mas que não iria exceder ao valor estipulado de cerca de 33 mil reais.

                Sinceramente não discuto a acumulação dos vencimentos da Ministra, principalmente se ao juntar os salários, os mesmos não atingissem o teto, justamente por ser de direito dela. O que me deixa indignado é perceber que o jeitinho brasileiro ultrapassa todas as esferas; e quem deveria zelar pelas leis, na verdade também não acredita nela e nem tão pouco quer cumpri-las. Ou será que a Senhora e Excelentíssima Ministra não sabia da existência do teto?

                No entanto, se a Ministra se acha no direito de ser comparada a uma escrava, imagina nós! Na verdade, nós somos os escravos do Estado que nos suga desesperadamente para manter regalias e privilégios de alguns, no qual ela se encaixa perfeitamente por pertencer a uma dessas classes privilegiadas.

                Trabalhamos cerca de quatro meses por ano para pagar impostos, e o que temos de retorno? Nada. Será que isto não seria também um trabalho escravo?! Uma forma de apropriação indevida, pois não há o retorno constitucionalmente esperado.

                Quantos trabalhadores vivem em condições degradantes? Quando estão sujeitos às intempéries inerentes ao trabalho? Quantos vivem com apenas um salário mínimo? Os funcionários públicos do Rio de Janeiro, por exemplo, que ficaram meses sem receber podem ser considerados escravos? Pois todos eles tiveram seus direitos suprimidos pelo próprio Estado que deveria ser o primeiro a executá-lo.

                Se há alguém que vive na “Casa Grande” estes são os membros do alto escalão do governo brasileiro que através de um chicote, denominado imposto, não permite que cada um de nós, trabalhador brasileiro, saia ileso do pelourinho da exploração governamental. E para ser pior, como vivemos na inversão de valores todo este fato deveria realmente ser fomentado por aquela que tem por objetivo defender os tidos Direitos Humanos.

                Se ser escravo é ter a vida que a Ministra tem, torço para que voltemos para a senzala!

 

 

Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga (ACL), Teófilo Otoni (ALTO) e Maçônica do Leste de Minas (AMLM). 

Comentários