Estamos vivendo um momento estranho, crimes, assaltos, roubos, corrupção, abandono e tantas outras mazelas parecem estar cada dia mais presentes no cotidiano das pessoas. E o pior, devagar vamos nos acostumando e criando a ilusão que somente com os outros acontecerá tais situações.
Parece estranho, mas acreditamos que cercando nossas casas com grades e cercas, colocando câmeras para todos os lados, investindo em patrulhamento e demais ações de segurança estaríamos livres de problemas. Mas pelo visto essas ações podem servir como paliativos, todavia não resolverão os problemas já mencionados.
Estamos mergulhando cada vez mais em uma sociedade vazia, sem noção de valores, de princípios e como diria o ditado popular “pobre de espírito”. Observamos claramente em boa parte das pessoas a existência de uma mistura de sentimentos, tais como, por acreditar na impunidade acabam fazendo justiça com as próprias mãos, nervosas por pouca coisa, agitadas com tudo, sem falar nas ofensas sem fim, nas humilhações, na gozação estúpida e sem limites. O resultado de tudo isto transforma-se em ações que estão acontecendo todos os dias através de cenas que chocam de forma arrepiante.
O caso mais recente foi o acontecido na escola de Goiânia. Sem entrar no mérito específico do caso, quantas lições podemos tirar da situação em questão? O bullying esteve presente? Pode ser que sim. Mas será que não estaria presente também o reflexo de uma sociedade que não educa? Que prefere ver e apreciar as famosas “pegadinhas” de televisão e redes sociais que são ridículas e de extremo mal gosto, mas que ensinam a zombar os outros, a rir das fraquezas e deslizes humanos? Será que não estaria presente também uma sociedade que em nome do politicamente correto prefere fingir que não está vendo as coisas acontecer? Será que não estaria presente também a falta de respeito, de limite, de tolerância, de cuidado? Será que vivemos ainda a era do “com quem você acha que está falando”? O certo é que mais uma vez, este triste episódio nos questiona e alerta: no que estamos nos transformando?
São tantas as lições que a vida nos ensina, mas será que queremos aprender? Ou vamos aguardar para ver quem será o próximo? Pois por incrível que pareça pode ser este escriba ou você meu caro leitor, pois todos nós frequentamos lugares públicos, lidamos com pessoas e estamos à mercê das mais diversas reações.
O olho por olho, o vencer a qualquer custo, os maus exemplos são situações que precisam ser extirpados, pois são eles que alimentam as nossas tragédias. Enquanto não tivermos a coragem de mudar este cenário o melhor será ter sempre um lenço por perto, pois como não sabemos quem será o próximo, todos nós estaremos sujeitos às lágrimas.
Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga (ACL) e Teófilo Otoni (ALTO).