Constantemente nos perguntamos: o que seria mais importante a teoria ou a prática? De que forma aprendemos mais, através da teoria ou da prática? Que conhecimento é mais valioso, o aprendido pela teoria ou pela prática? São tantas as questões que envolvem esta dualidade. Todavia, esta discussão não é nova, ferrenhos embates filosóficos tentam responder ou encontrar posicionamentos que contribuam para a reflexão. Destes embates surgiram correntes de pensamentos, que se posicionam defendendo um dos lados em questão. Os chamados Empiristas acreditam que o conhecimento nasce da experiência, da vivência; já os denominados Racionalistas esboçam seus argumentos na capacidade racional do ser humano de pensar teoricamente. Estes grupos antagônicos, criaram uma série de argumentos que justificam seus pensamentos. Portanto, todos eles acabam de certa forma deixando questionamentos sem resposta, propiciando assim a continuidade da dúvida. Mas o objetivo deste texto não se resume em discutir a importância da teoria ou da prática, mas sim, em refletir a distância que estamos criando entre elas, pelo visto, uma distância abismal. Fato é que o nosso arcabouço teórico é muito vasto, nossas instituições são alicerçadas e regidas por teorias formidáveis. Acredito que muitas delas beiram a perfeição. Basta lermos os regulamentos internos de várias instituições, independente de pública ou privada, que chegaremos a esta conclusão. O exemplo mais real vem do livro mais vendido no mundo, a Bíblia. Praticamente em todas as casas há uma bíblia, mas será que de fato acreditamos e seguimos o que nela é proposto? Somos cristãos praticantes ou teóricos? Concomitante à esta análise sobre as regras institucionais, que são belas, podemos nos perguntar: por que não colocamos ou tentamos de fato colocar as teorias que acreditamos e propagamos em prática? Não adianta nada propagar a justiça e não ser justo; propagar a legalidade e ser moralista; divulgar o amor ao próximo e ser narcisista; defender a liberdade e criar prisões culturais, mentais e sociais; discutir sobre a importância da vida e gastá-la de forma desumana, sendo cruel consigo mesmo; pouco adianta falar do novo e continuar com as velhas práticas; combater a corrupção, mas ser corrupto. A era do discurso vazio, da teoria mirabolante, não condiz mais com o momento presente. Com base nas teorias que criamos ao longo do tempo está na hora de agirmos, de praticarmos o que acreditamos. A grande questão é que a teoria nos mostrou que a mudança nasce primeiramente em cada um de nós. Unidas, teoria e prática, conquistaremos o que almejamos, pois a teoria nos mostrou o que queremos e o que devemos fazer, agora é hora de arregaçar as mangas e realizar. Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga (ACL) e Teófilo Otoni (ALTO).