Dia 15 de outubro comemoramos, ou deveríamos comemorar, o Dia do Professor. Motivos para comemorar, na verdade, temos muito pouco.
Vivemos em um país em que a educação não é prioridade; em que a escola é vista, pelo governo como gasto e não como investimento nas pessoas e vista pelas famílias, na maioria dos casos, como rivais; digo isto pois não se percebe uma afinidade entre escola e família, sempre uma, de alguma forma, está cutucando a outra. Vivemos em um país em que o profissional da educação não é valorizado, não digo isto somente analisando a questão financeira, mas pelas condições de trabalho, não só material, mas humana também. O professor lida diretamente com pessoas, com alunos, e esta moçada da nova geração não está fácil, parece ser uma geração “estou nem aí”; sem falar da noção de respeito, valores e princípios.
Comecei minha carreira no magistério em 1998, desde então, já tive a oportunidade de conviver com diversos tipos de alunos, salas de aulas e escolas. Acredito que tenha errado em muitas coisas, como sei que continuarei, mas na mesmo proporção, sei também que acertei bastante, todavia, a cada ano que passa sinto uma angústia por não conseguir visualizar as consequências da educação na nossa sociedade.
Talvez eu esteja sendo pessimista, mas o cenário do nosso país e de boa parte da civilização mundial, demonstra ser de uma humanidade que se destrói, que ainda não se descobriu, que não percebeu a sua essência. E isto, na minha modéstia opinião, também é fruto de um modelo educacional que não consegue atender àquilo que realmente deveria ser as necessidades, potencialidades, sonhos e desejos de cada um de nós viventes da mesma sociedade planetária.
Um dia sonhei que a educação, mesmo sabendo que não é uma responsabilidade somente dela, poderia colaborar, pelo menos na parte que cabe a ela, para nos tornarmos pessoas melhores. Mas não estou conseguindo enxergar isto. Pelo visto, ela continua sendo parte deste jogo macabro de perpetuação do sistema segregador, discriminatório e excludente. Ela finge ser aquilo que de fato não é. E encontra nos politicamente corretos um discurso do mundo do faz de contas.
Claro que eu queria estar escrevendo o oposto do que escrevi, mas sinceramente não posso fazê-lo. Os professores deste país não merecem mais serem tratados como um simples boneco ou algo parecido. Até mesmo o pronome de tratamento, professor, querem menosprezar. Dizem que devemos ser chamados de educadores. Na sombra da manipulação e alienação esquecem que educadores somos todos nós, independente de qual atividade exercemos.
Mas apesar de tudo SOU PROFESSOR, com muito orgulho! E a exemplos de tantos outros espalhados Brasil afora não vou desistir do meu aluno, da escola, de tentar fazer deste país um país melhor. Combalido, mas de pé!
Walber Gonçalves de Souza é professor, membro das Academias de Letras de Caratinga (ACL) e Teófilo Otoni (ALTO). prof.walber@hotmail.com