Vivemos um momento inusitado: já pisamos na lua; estamos desvendando o fundo dos oceanos; adentrando o interior das cavernas; descobrindo fontes de energia, matéria-prima; desenvolvemos tecnologia de alto padrão nos mais diversos setores (saúde, alimentação, vestuário, lazer) que compõem a vida humana; vivemos a dita era do conhecimento; somos possuidores de inúmeros objetos que proporcionam conforto; temos acesso a uma variedade de coisas que praticamente até a geração dos nossos avós era algo impensável; são tantas as descobertas e conquistas que este texto poderia ser só de exemplos.
Mas vivemos um momento inusitado. Diante de todas estas infinitas conquistas, nasce uma pergunta: o que está acontecendo com o ser humano? Estamos num indiscutível processo de evolução de tudo aquilo que nos circunda, mas ao mesmo tempo parece que a frieza, a indiferença em relação a tudo e a todos, a falta de sensibilidade, de generosidade, de cuidado... aos poucos está dominando a essência humana.
Não estamos conseguindo mais enxergar o absurdo nos fatos. A normalidade com que estamos tratando e lidando com as situações do cotidiano parece estar beirando a falta de humanidade.
Basta um pouquinho de atenção àquilo que estamos vendo acontecer todos os dias. O ladrão não se contenta só em roubar, além de roubar ele quer maltratar, humilhar, ser covarde, entre outras coisas. Quantos casos estamos presenciando de atos de covardia após um roubo. Podemos perceber também que aqueles que de alguma forma, possuem o poder nas mãos, mesmo que temporariamente, parecem não se importar com o sofrimento alheio, salvam suas peles, constroem discursos maravilhosos para anestesiarem seus subordinados, mas na prática nada de fato acontece. Nossos políticos não dão a menor importância para as angústias das pessoas, ainda não entenderam que é da famigerada corrupção que nascem todos os nossos males. O esporte da moda, com todo respeito e sabendo que há toda uma teoria que o justifica, não deixa de ser sanguinolento, de uma extrema violência, digno das arenas romanas. A televisão, acredito que dispensa comentários: se a arte imita a vida, a mídia está mostrando que o ser humano está se transformando em bicho. Todavia, se a vida imita a arte, a mídia está conseguindo ser uma péssima influência. São inúmeros os exemplos.
O que está acontecendo com cada um de nós? Este estado de letargia está desumanizando as pessoas, estamos perdendo aquilo que deveria ser a nossa essência: estamos esquecendo que somos humanos. A nossa banalidade em relação à vida, em relação à qualidade da vida que queremos está se transformando em algo espantoso.
Podemos perder tudo, reconstruir tudo. Mas existem coisas que não voltam nunca, que não se repetem, que não permitem segunda chance, a vida é uma dessas coisas. Como o peixe não vive fora d’água, não há vida humana sem caráter, sem valores, sem humanidade em suas relações. Pensemos nisto, antes que o caos nos exploda!