Walber Gonçalves de Souza - Professor e membro das Academias de Letras de Caratinga (ACL) e Teófilo Otoni (ALTO). prof.walber@hotmail.com
Existem palavras ou expressões que de uma hora para outra passam a fazer parte do cotidiano coloquial das pessoas, parecem que viram moda, são utilizadas com tanta frequência que chega um momento que nem conseguimos mais saber se elas estão sendo usadas com coerência ou se não tratam de mais uma falácia.
No mundo da nossa desacreditada política, uma expressão vem sendo usada como nunca na história deste país, trata-se da enfática expressão “perseguição política”, tudo que acontece é justiçado por ela.
Isso dá a entender que vivemos um conto de fadas, estilo “Alice no país das maravilhas”; ou que nossos políticos acreditam literalmente e com tamanha convicção, que todos nós brasileiros somos um bando de trouxas ou que nossos cérebros beiram o tamanho de uma semente de orquídea.
Eles aprontam, aproveitam da miséria das pessoas, misturam o público com o privado, tiram proveito pessoal dos cargos que ocupam. Estabeleceram um profundo sistema de corrupção desenfreada, contando com a leniência e os infindáveis dispositivos jurídicos, extorquem na cara dura e quando são pegos formulam discursos inflamados de que estão sendo perseguidos politicamente. É muita cara de pau!
Aqui há de tudo, dinheiro na cueca, dancinha em plena sessão plenária da câmara dos deputados, os ditos laranjas, contas no exterior, moveis e imóveis em nomes de terceiros, formam verdadeiras facções criminosas, e quando são pegos, acaloradamente dizem que tudo não passa de perseguição política.
Todos eles se dizem super honestos, mas a maioria deles não pode ver uma oportunidade de favorecimento elítico, que estão lá como ratos. Chegam ao absurdo de falar que roubam mas fazem; que nunca pedem, mas se oferecerem estão dispostos a “conversar”; já tem muita gente defendendo a ideia que a comissão (nome bonito que deram para a propina) não é algo injusto, errado, defendem que faz parte do processo, uma forma de agradecimento. Repito: é muita cara de pau! Mas quando são pegos, qual é o discurso? Perseguição política.
Nossa realidade, que vem demonstrando ser, como diria o ditado popular, uma verdadeira guerra entre os sujos e os mal lavados, o que significa corruptos brigando entre si, está colocando a nação a cada dia que passa ainda mais no fundo do poço das mazelas sociais. A Comunidade da Rocinha é o exemplo público e midiaticamente notório desta realidade. A perseguição política que de fato existe é feita diariamente pelos nossos políticos ao tirarem do povo tudo aquilo que nos pertence.
Chega deste discurso barato, medíocre, politicamente correto e que não convence ninguém. Queremos justiça, queremos um país justo, digno de se viver, onde a expressão “perseguição política” não sirva para esconder as ações dos vermes, os políticos lacaios, que assolam as riquezas da nação.