Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni.
Literalmente nossos políticos não nos representam mais. Dentre eles, pouquíssimas são as vozes que ainda se levantam, que ecoam com autenticidade em favor do povo brasileiro. Mas por serem tão poucas acabam não fazendo a menor diferença. Presencia-se o caos da vida pública brasileira fruto do processo do galopante divórcio entre a classe política e a sociedade.
O que estamos vendo acontecer no Brasil é algo simplesmente desolador e desanimador que se torna até mesmo difícil de entender e explicar. Pelo visto não há mais nada que ligue a classe política aos verdadeiros interesses do país.
Todos os dias, sem exceção, presenciamos desmandos, atos de corrupção, situações que refletem a má gestão do dinheiro público e o pior de tudo, uma classe que só legisla em causa própria. Conseguiram acabar com a Lei da Ficha Limpa, sugerem leis secretas, a dita reforma política não passa de uma enganação, dizem que querem renovação, que pretendem reformar o Estado, mas são só falácias, nada de fato se altera. Criam formas diferentes para manter os mesmos privilégios.
Como pode um país quebrado, sem rumo, endividado, com uma educação de péssima qualidade, serviços de saúde que não atendem com um mínimo de eficiência, várias rodovias intrafegáveis, problemas de saneamento básico em diversos municípios, e tantas outras situações que deveriam ser o cerne das nossas preocupações, mas não são, estas não demandam pressa e nem tão pouco medidas eficazes.
Nossos políticos estão preocupados com as leis que os beneficiam, com a criação do fundo de financiamento das campanhas, que beira o absurdo pelo montante e em face às nossas verdadeiras necessidades. Eles estão preocupados com a contratação de jatinhos por uma boa grana, como é o caso do governador do Rio de Janeiro, em mover-se de helicóptero (para buscar filho em balada) como o caso do governador de Minas, ou usar os mesmos meios para transportar cachorros ou até mesmo entorpecentes, de ter apartamento funcional para as responsáveis pela nutrição e vestimentas da primeira dama. Vou parar de citar exemplos, pois sabemos que a lista é interminável.
Eles não estão nem aí se passamos fome, sede, se estamos bem ou mal. O que esta classe, que se tornou maldita, almeja nada mais é do que a manutenção de tudo de errado que existe. Querem um país atolado nos vícios de gestão, da ciranda desumana da perpetuação do poder. O que pode acontecer no máximo são trocas de cargos para Estados diferentes. Mas estão sempre lá, presentes em algum lugar, preparadíssimos para abocanhar as riquezas da nação.
A classe política divorciou-se da sociedade brasileira, ela não pensa mais nos interesses da coletividade. Neste divórcio o povo acabou perdendo tudo, não tendo direito a nada a não ser reclamar e de mão limpas esperar pelas migalhas que alguns deles sempre têm a oferecer. Triste momento da nossa história!