Com o início da formação das monarquias nacionais, um dos marcos da transição do feudalismo para os tempos modernos, observamos também a germinação do conceito de nação. No mencionado período histórico os países começam a ser formados, o mundo aos poucos vai se reorganizando com a presença das nações.
Por nação, de uma forma simplória, entendemos por um povo unido por traços culturais característicos, um território delimitado, portanto com as fronteiras definidas e conduzido por um governo organizado. Esses são os princípios básicos de uma nação. Enquadrando-os no Brasil, podemos afirmar que há aqui um povo com uma cultura peculiar que nos caracteriza; um território devidamente demarcado; mas será que conseguimos verificar um governo organizado que atenda aos interesses da nação para qual ele existe?
Nossa estrutura política dividida em três poderes, foi pensada pelo filósofo francês Montesquieu. De acordo com ele as nações que estavam surgindo deveriam dividir os poderes básicos e necessários para a organização política em três, sendo o executivo, o legislativo e o judiciário. Cada um deles de forma independente e sem abusos deveriam equilibrar-se e conduzir os rumos da nação.
Pois bem, se de boa intenção o inferno está cheio, como diria o ditado popular, por aqui a tentativa de implantar a ideia de Montesquieu parece estar lotando a casa do “pai das maldades”, pois não tem passado de uma boa intenção.
O Poder Executivo, como o próprio nome já diz, deveria executar as leis e administrar as riquezas do país através de obras que promovam melhorias para a qualidade de vida do povo. Mas pelo que temos acompanhado não é bem isto que vem acontecendo há séculos. Usam deste poder para extorquir, para corromper, para enriquecimento ilícito, para fazerem obras superfaturadas, elefantes brancos, fazem tudo que primeiramente proporciona a solução dos próprios interesses.
O Poder Legislativo que deveria elaborar e aprovar leis de interesse da nação, fiscalizar as ações do poder executivo, propor medidas de desenvolvimento do país, entre outras coisas, pelo que notamos não tem passado de “contínuos” de luxo, principalmente nos municípios. Na esfera federal criam leis que favorecem seus aliados e financiadores de campanha. Não passam de parasitas à espera das migalhas oferecidas pelo poder executivo. E em troca é lógico, oferecem seus serviços de caráter duvidoso.
O Poder Judiciário que deveria fiscalizar o cumprimento das leis e julgar eventuais conflitos, na realidade não passa de um engodo, um mundo de faz de contas, onde a lei está sempre à deriva e subjugada aos interesses mais diversos das cabeças dos “homens de toga”. As decisões tomadas pelo poder judiciário são tão obscuras que vivem à luz da interpretação dos mais diversos interesses. Sugam tanto a nação, que recebem super salários e ainda engordam seus holerites com intermináveis vergonhosos penduricalhos. Talvez seja o mimo oferecido pelos demais poderes, assim, unem-se, mesmo que dissimuladamente, para perpetuarem a ciranda nefasta de apropriação das riquezas da nação. Mas o que esperar de um membro de um poder que é escolhido pelos outros, pois um indica (executivo) e o outro (legislativo) confirma a escolha. Sem falar nas indizíveis nomeações para os cargos de primeira e segunda instância.
Se um dia os três poderes foram pensados para organizar e fomentar o desenvolvimento da nação, pelo visto o tiro saiu pela culatra, pois na realidade, os três poderem se uniram para acabar com a nação. Por mais que digam o contrário, os fatos dizem por si só, haja visto quantos políticos foram e são condenados pelos seus atos de usurpação do dinheiro público, da dignidade, dos sonhos, das esperanças de cada um de nós que faz parte desta nação.
Walber Gonçalves de Souza é professor e membro das Academias de Letras de Caratinga e Teófilo Otoni.